E se os lábios percorrem As avenidas do teu corpo...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Para guardar

Cama Suja


No fundo, desconfio muito dessa coisa de ética. Antes de tudo porque a palavra "ética" é como "energia", cabe em qualquer lugar. Ética profissional, ética no amor, ética com a natureza, ética na cama. Falando especificamente de cama, quanto mais suja, melhor. Quando ouço alguém falar em nome da ética, fujo.

Prefiro mentirosos inseguros. Os hábitos civilizados dependem mais da mentira do que da verdade.

Claro que não se trata de desprezar a sólida tradição da ética na filosofia: Aristóteles e sua ética das virtudes e do caráter; Kant e sua busca insaciável por regras universais de comportamento; ou os utilitaristas ingleses e os céticos escoceses, e a sensibilidade de ambos para com os limites psicológicos da moral presente no reconhecimento do horror ao sofrimento e da preponderância do hábito e dos afetos sobre ideais abstratos de "bem" ou de "justiça" como verdadeiros critérios da vida moral.

Por exemplo, o que vem a ser "ética no amor"? Dizer pra ela que está gorda? Ou dizer pra ele que seu desempenho está abaixo de seus outros amantes? Ou seja: é dizer sempre a verdade?

Outro tipo que me põe correndo é gente bem resolvida com seus afetos. Só confio em quem enlouquece de ciúme, em quem perde a cabeça quando sua mulher ou seu marido está conversando com alguém do sexo oposto com cara de quem achou um espécime interessante na festa. Aceitar que sua mulher ou seu marido está a fim de outra pessoa e ficar de bem com isso é papo de gente imatura. Ou de quem, na verdade, não ama. Amar é ficar fora de si ou ficar bem consigo mesmo porque não ama mais. Não existe gente bem resolvida, só gente indiferente.

Todavia, com o tempo e as frustrações, a maioria de nós chega à triste conclusão de que é mais feliz quem é mais indiferente.

Aliás, a partir de determinada idade, achar alguém interessante é tarefa para deuses. Com o tempo, temos a impressão que só existem três tipos de pessoas com três tipos de problemas básicos. Suas vidas são comuns; seus anseios, banais; seus desejos, mesquinhos.

Cheias de amores malsucedidos, quanto mais experiência amorosa, mais previsível.
Bobagem essa coisa de dizer sempre a verdade. Coisa de gente que não conhece gente e pior, gente que não gosta de gente. Nesse assunto, não existem imperativos categóricos (leis morais universais à la Kant). Aliás, o grande filósofo alemão Kant era muito bom de filosofia, mas não entendia nada de como as pessoas cheiram ou suspiram.

Por exemplo, tirem o pudor do amor e do sexo, e eles desaparecem. A simples suspeita de que o inferno te espera por culpa de tua fraqueza torna o amor e o sexo dádivas das deusas. Como se com elas deitássemos às escondidas. Por isso minha desconfiança visceral com as bobagens juradas contra o sexo e o amor atormentados pelo pecado.

Já disse antes que confio mais no fígado do que no cérebro, hoje diria que confio mais na alma afogada nas secreções do desejo do que na higiene das santas e honestas. Não há nenhum dos dois (sexo e amor) se não existir a ameaça da condenação. O medo aqui é como uma saia curta que esconde, entre as pernas, uma alma ansiosa. A banalidade da nudez contemporânea é a prova cabal contra o discurso dos afetos bem resolvidos. Neste sentido, os medievais, aliás, como numa série de outras coisas (o leitor dirá "sempre desconfiei que este colunista fosse um medieval"), sabiam mais do que nós, bobos da razão.

Qualquer boa literatura romântica medieval sabe que amor e sexo estão intimamente ligados ao inferno nas paixões. Ninguém ama no paraíso, argumento final contra a salvação. Mesmo na Bíblia, no Cântico dos Cânticos, aquele livro considerado pela tradição judaica como o mais sagrado dos livros sagrados, encontramos a advertência da amada, a heroína da narrativa: "filhas de Jerusalém não despertem o amor de seu sono... a paixão é um inferno".

Mulheres sempre foram vistas como especialistas no amor, talvez pela imagem ancestral de que nunca foram seres iludidos pela razão, mas sempre torturadas pelo desejo. Para mim está é a maior das provas de que cegos são os homens que as veem como inferiores.

Divago, dirá meu caro leitor. Sim, divago, mas não deliro. Como se num voo, do alto, contemplasse homens e mulheres vagando por um continente abandonado, fugindo da própria sombra. Pessoalmente vejo a ética como o combate supremo do homem com o animal que o devora.

fonte: http://nutrindoalmas.blogspot.com

segunda-feira, 8 de março de 2010

natureza que gosta de sentir o nó na garganta,plenitude, as batidas no coração,aquele fluxo todo de excitação que vem quando a gente olha as pessoas nesse vai e veme que vai e volta junto com todas elas,que deixa pra lá essa ocupação prematura da mente sem conseguir deixar ela totalmenteno extremo, que corre, grita, pensa, faz, fala, ama, odeia, grita, grita, grita, cala.cala e vai-se embora pro recomeço do não-começo, láaa no altosentindo os dedos, os labios, a saudade e a vida

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

fogo de palha, estalinho




- um fogo de artifício
- porra, isso que o rafael foi
- é
- será
- não mais
- sei lá
- haeuhaeuhaeuhaeuha
- todo fogo de artifício, por mais belo e ardente: estoura, brilha, encanta, dói e apaga.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar ALÉM

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O amor

Tema dos Temas. Ocupa tanto espaço na vida, nos apartamentos, nas ruas, nos escritórios, nos jornais, na política, na guerra, nas fábricas, na vitória, no fracasso, nas festas populares, nos jardins das praças públicas, nas escolas, nas casernas, e nos aviões que, se provassem estatisticamente que noventa por cento dos filmes são sobre o amor, ainda assim eu responderia que isso não basta. Um homem de sessenta anos e uma moça de quinze dão Lolita. Uma mulher de quarenta e um rapaz de vinte, Adolfo. Um rapaz e uma moça de dezesseis, Romeu e Julieta. Uma mulher entedia-se no campo, é Madame Bovary. Seu marido é um bruto: O Lírio do Vale. Ela é muito namoradeira, é A Duquesa de Langeais. Ela recebe dinheiro dos homens, é Nana. Seu marido está na guerra e ela se apaixona por um rapazinho: O Diabo no Corpo. Ela morre de maneira atroz: ainda Madame Bovary. Na vida, alguns homens se realizam, outros não. Alguns são mais belos, mais ricos ou mais inteligentes do que os outros. Os homens são iguais, claro, mas apenas diante de Deus! No amor, não existem pobres. Esse grande motor humano é, portanto, o nosso único denominador comum.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

chave de ouro

Quando se for
Esse fim de som
Doida canção
Que não fui eu que fiz
Verde luz verde cor
De arrebentação
Sargaço mar
Sargaço ar
Deusa de amor, deusa do mar
Vou me atirar, beber o mar
alucinado, desesperar
Querer morrer para viver
Com Iemanjá

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